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O QUE É POLINIZAÇÃO?

Foto por Simon Matzinger em Pexels.com

É a transferência do grão de pólen da antera (parte da flor – veja no post anterior)

para o estigma (parte feminina ♀ da flor).

Essa “viagem” dos grãos de pólen das anteras para a parte feminina da flor pode ser intermediada por vários tipos de “agentes de viagem”

Os mais conhecidos são: ABELHAS


fonte https://conhecimentocientifico.r7.com/polinizacao/

Borboletas

Foto por Nandhu Kumar em Pexels.com

PÁSSAROS – BEIJA-FLORES

Foto por Djalma Paiva Armelin em Pexels.com

MORCEGOS

Foto: Merlin D. Tuttle. National Geographic Brasil. http://www.bioorbis.org/2014/04/o-chamado-das-flores.html

Foto: Merlin D. Tuttle. National Geographic Brasil. http://www.bioorbis.org/2014/04/o-chamado-das-flores.html

Mariposas

fonte: https://darwinianas.com/2019/10/29/a-mariposa-precede-a-flor/

E há muitos e muitos outros agentes polinizadores, incluindo os abióticos, como o vento.

Esses “agentes de viagem do pólen” chamam-se POLINIZADORES.

Imagine você, agora, a megabiodiversidade desses agentes polinizadores no planeta, com tantos ecossistemas distintos, próprios de cada região, altitude, de cada hemisfério, continente, ilhas…

Foto por Cindy Gustafson em Pexels.com

Mas, não é qualquer inseto que você perceba em uma flor que, necessariamente, é o polinizador.

Ele pode ser apenas um visitante, que não realiza essa transferência do pólen para o estigma, que não é frequente e nem tem tamanho adequado à flor para prestar esse serviço.

Ou seja, ele não poliniza!

Ele é só um visitante floral, um roubador de pólen e néctar. Na Ciência, chamamos esses espertinhos de Pilhadores.

Por essas tantas possibilidades é que o pesquisador gasta horas, dias, meses, observando, testando, filmando, fotografando suas flores.

Tudo para ter a certeza de QuemPoliniza !

eBook “Botânica em gotas – saiba o básico rapidamente”

sun.eduzz.com/1708640

Esse ebook foi escrito por mim. Fiz com todo o carinho e dedicação. É o resultado da compilação das aulas que ministrei nos cursos de graduação e extensão. Atualizei o conteúdo e o redigi usando palavras acessíveis ao entendimento de quem não tem familiaridade com textos científicos. Espero que lhe seja útil e prazeroso. Forte abraço.

MANACÁ-DE-CHEIRO

Brunfelsia uniflora (Pohl) D. Don

família Solanaceae

Nomes populares – manacá-de-cheiro, manacá, caá-gambá, cangambá, geretataca, jasmim-do-paraguai, mercuri, romeu e julieta, entre outros.

Brunfelsia uniflora é uma espécie nativa do Brasil, da Mata Atlântica. É um arbusto muito ornamental, com flores vistosas e perfumadas. A cidade de Curitiba, Pr, tem a flor do manacá como Flor-Símbolo da cidade pois a espécie é muito usada para fins paisagísticos naquele município.

A palavra Manacá vem do Tupi em homenagem a uma linda indígena chamada Manacan. Nas tribos da Ayahuasca o manacá é considerado uma planta sagrada sendo utilizada em cerimônias e rituais, uma vez que o chá das folhas  tem ação psicoativa, podendo causar delírios, tremores, alucinações.

É um arbusto perene, ramificado, lenhoso, que atinge até 3 metros de altura.

arbusto fotografado por mim em um terreno de rua na cidade de Rio Claro/SP

A floração ocorre na primavera-verão (outubro a fevereiro).

As flores do manacá-de-cheiro têm forma de tubo (tubular), vistosas e solitárias. Apresentam perfume  intenso por todo o tempo de vida da flor. São de coloração roxa ao se abrirem e, ao longo do tempo, vão se tornando claras até chegarem ao branco.

Saliento aqui que o arbusto não produz dois tipos de flores, uma roxa e uma branca. Não. Toda flor que se abre é roxa. Ao longo do tempo vai se tornando branca. Por isso é comum encontrarmos no mesmo arbusto flores das cores que vão do roxo ao branco, passando pelo rosa e tons dessa paleta. O visual é incrível!

QUAL É O MISTÉRIO DA MUDANÇA DE CORES DAS FLORES ❔

Essas mudanças de cores das flores que acontecem em muitas espécies de plantas geralmente têm ligação com o tipo de polinizador. É, portanto, um atributo ecológico, relacionado à atração do agente que realiza a polinização.

Pelo fato dessas flores apresentarem no centro um pequeno orifício que conduz a um tubo que, por sua vez, precisa ser percorrido para chegar ao néctar (recurso alimentar) não é qualquer inseto ou ave que conseguirá realizar com sucesso a coleta do alimento oferecido. Borboletas e mariposas têm o aparelho bucal (probóscide) apropriado para entrar por esse pequeno furo e alcançar, lá embaixo, o néctar acumulado.

veja a probósces toda enrolada. Quando a borboleta vai coletar o néctar no interior do tubo ela desenrola essa peça bucal e suga o néctar. Com isso realiza a polinização de muitas espécies de plantas.

As flores do manacá-de-cheiro fornecem néctar como recurso alimentar ao polinizador. São visitadas por borboletas durante o dia e, mais à tardinha e noite, por mariposas. É, portanto, uma espécie que chamamos de psicófilas (polinizadas por borboletas) e esfingófilas (polinizadas por mariposas).                  

De acordo com os pesquisadores Filipowicz e Renner (2012), o Manacá-de-cheiro é provavelmente uma espécie cujas flores podem estar na transição de um sistema de polinização por mariposas e de polinização por borboletas. Isso porque apresentam atributos de atração de borboletas (psicófila) pela coloração chamativa e das mariposas (esfingófilas) pelo intenso perfume exalado ao anoitecer.

fonte: https://sites.unicentro.br/wp/manejoflorestal/9457-2/. Mariposa Sphingidae/Lepidoptera

De fato, as mariposas geralmente dependem dos perfumes para localizar as flores no escuro e a longa distância, enquanto que borboletas diurnas utilizam a visão para encontrar flores de cores fortes.

A seguir posto um vídeo produzido pela mestranda Julia Mendonça de Almeida, da UERJ/RJ apresentado no Congresso Internacional de Sustentabilidade, em 2020. Na ocasião a Julia era orientada por mim e pelo Dr Ygor J. Ramos no Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Quem tiver interesse em ver detalhes da constituição química dos odores produzidos pelo manacá e da biologia floral assista ao vídeo abaixo.

Saiba Mais:

ALMEIDA, J.M.; GOBATTO, A.A.; RAMOS, Y.J. ESSÊNCIA E PIGMENTOS COMO ATRATIVOS PARA POLINIZADORES EM DUAS ESPÉCIES DE BRUNFELSIA L. (SOLANACEAE). Congresso On-line Internacional de Sustentabilidade. Um olhar sobre os ODS. 2020.

FILIPOWICZ, Natalia e RENNER, Susanne S. Brunfelsia (Solanaceae): A genus evenly divided between South America and radiations on Cuba and other Antillean islands. Molecular Phylogenetics and Evolution, v. 64, n. 1, p. 1–11, 2012.

 https://www.queplantaeessa.com.br/manaca-brunfelsia-uniflora/

ACEROLA

Malpighia emarginata DC. – Família Malpighiaceae

Foto por Matheus Ku00f6hler em Pexels.com

Quem não conhece essa frutinha vermelhinha, vibrante, que é a acerola?

De onde vem? Como é sua flor? Quem poliniza?

Venha descobrir. 😉

acerola é conhecida também como azerolacerejeira-do-parácerejeira-de-barbados , cerejeira-das-antilhas e West Indian Cherry (Cereja das Índias Ocidentais).

É nativa das Américas (Central e norte da América do Sul) e Antilhas. Por ser uma planta muito rústica e resistente, ela conquistou facilmente várias áreas tropicais, subtropicais e até semiáridas.

Embora ela não seja do Brasil, sua adaptação por aqui foi notável.

Foi introduzida em Pernambuco na década de 50 e se espalhou pelo NE e outras regiões do país. Hoje são cultivadas cerca de 42 variedades, sendo o Brasil o maior produtor, consumidor e exportador de acerola no mundo.

A ACEROLEIRA

A aceroleira é um arbusto ou arvoreta de até três metros de altura, cujo tronco se ramifica desde a base, com a copa  bastante densa e globosa. As folhas são pequenas, verde-escuras e brilhantes.

FLORES

As FLORES são hermafroditas, têm 5 pétalas sendo que algumas tem o contorno franjado. A cor varia do esbranquiçado ao rosa, com perfume bem suave. Estão dispostas em cachos com até seis flores por inflorescência.

A flor é típica da família botânica Malpighiaceae e possui um par de glândulas de óleo (elaióforos) na base de cada sépala, cujo recurso, o óleo, é oferecido ao polinizador, como alimento, juntamente com o pólen.

A floração acontece todo ano nos meses de setembro a fevereiro, podendo produzir frutos ao longo do período.

frutos vermelhos são os maduros e os amarelo-esverdeados estão em processo de amadurecimento.

POLINIZAÇÃO

QUEM POLINIZA? 🤔🤔

As flores se abrem a partir das 5 horas da manhã até as 15horas, mais ou menos, e duram apenas esse dia. Como recursos alimentares para os polinizadores oferecem o pólen e o óleo.

São auto-incompatíveis, o que quer dizer que não frutificam pela auto polinização, necessitando totalmente do polinizador para a produção dos frutos.

Quem já viu um pé de acerola em flor sabe que ele é muito visitado por insetos. Uma quantidade enorme deles. Mas não é todo inseto que pousa na flor que tem habilidade de coletar o óleo. Somente alguns deles “aprenderam” a coletar a substância. E, fazendo isso, polinizam a flor.

Os principais polinizadores são abelhas grandes, conhecidas como abelhões ou mamangavas, nativas do Brasil, que pertencem aos gêneros Centris e Epicharis, de tamanho maior do que as abelhas sem ferrão e a abelha- de- mel, Apis mellifera.

Centris sp

Coleta de óleo – as fêmeas se prendem na base da pétala com a ajuda de sua mandíbula. Com as pernas anteriores e medianas elas raspam as glândulas de óleo, sendo que a substância liberada é guardada em cerdas, tipo de pelo, bem duro e amarelo que têm nas pernas. Esse material armazenado é comido na hora e também levado para o consumo no ninho.

Epicharis flava foto John Ascher.
https://www.discoverlife.org/mp/20p?see=I_JSA145&res=640&flags=subgenus:

Durante a coleta, a região ventral do corpo das abelhas entra em contato com as anteras e estigmas, o que permite classificá-las como polinizadoras efetivas, pois transferem o pólen para o estigma das flores, promovendo o cruzamento. Outras abelhas, inclusive aquelas sem ferrão, também podem polinizar ao coletarem o óleo, mas sua contribuição é menor e suas visitas são ocasionais.

O fruto da acerola é suculento e abriga três sementes. O sabor é levemente ácido. Possui vitaminas A, B1 (tiamina), B2 (riboflavina), B3 (niacina), cálcio, fósforo, ferro e, principalmente, vitamina C, que chega a ser oitenta vezes maior do que na laranja ou limão. A indústria utiliza especialmente os frutos ainda em amadurecimento, verdes, que concentram altas taxas de vitamina C.

SAIBA MAIS

VILHENA, A.M.G.F.; AUGUSTO, S.C. POLINIZADORES DA ACEROLEIRA Malpighia emarginata DC (Malpighiaceae) EM ÁREA DE CERRADO NO TRIÂNGULO MINEIRO. Biosci. J., Uberlândia, v. 23, Supplement 1, p. 14-23 , Nov. 2007.

http://www.unirio.br/ccbs/ibio/herbariohuni/malpighia-emarginata-dc

PITANGA

Eugenia uniflora L. (Família MYRTACEAE)

fonte: http://denisegomesludwig.blogspot.com/2015/06/28-de-junho-pitangueira-pitanga-fruta.html

As pitangas são da espécie Eugenia uniflora L. e pertencem à família botânica Myrtaceae. Essa família abriga centenas de espécies, nativas do Brasil e aparecem naturalmente em muitos biomas, como cerrado, mata atlântica, restinga e matas mesófilas de interior. As pitangas também são presenças constantes em áreas cultivadas, parques, jardins e nos quintais de casas nas cidades.

As flores da pitanga são pequenas, hermafroditas, brancas, com muitas anteras. São conhecidas como “flores-pólen” porque o pólen é a única recompensa floral oferecida ao polinizador

fonte: http://denisegomesludwig.blogspot.com/2015/06/28-de-junho-pitangueira-pitanga-fruta.html

A época de floração é anual, massiva, sempre entre os meses de agosto a outubro, com a frutificação acontecendo entre setembro a novembro. As flores se abrem no período diurno e duram um único dia. São visitadas por grande variedade de insetos, como abelhas, moscas, besouros e até por formigas-leão, do grupo dos neurópteros.

Em meio a tantos visitantes, qual espécie é a grande polinizadora?

Apis mellifera L. Abelha de mel, africanizada.

Se você pensou na abelha-de mel – Apis mellifera – acertou em cheio!!!

Essas abelhas são constantes visitantes das flores da pitanga, coletam pólen para levar alimento para suas larvas nas colméias. Com isso, polinizam as flores que a partir da fertilização desenvolvem frutos e sementes. As abelhas-de-mel (africanizadas) são consideradas, portanto, as polinizadoras efetivas da pitanga.

Hummm que cor linda!!!

O cultivo da pitanga movimenta também a economia agrícola. São frutos que tem muitas vitaminas, principalmente a C e outros componentes ótimos para a saúde. Não é difícil encontrarmos sucos, sorvetes, geleias e produtos derivados dessa frutinha linda e saborosa, a pitanga, formada graças a participação efetiva da abelha-de-mel, sua polinizadora.

suco de pitanga

GOIABA

Psidium guajava L. ( FAMÍLIA MYRTACEAE)

Fonte: Wikipedia

Só de olhar essa imagem da goiaba já dá água na boca! Faz parte da nossa alimentação, da nossa infância, nossa culinária.

A palavra deriva do espanhol – guayaba.

A goiabeira (Psidium guajava L.) ocorre naturalmente na América Tropical e tem elevadíssimo valor na economia brasileira, tanto na indústria como no comércio de frutos in natura. É super rica em antioxidantes, vitaminas C (tem mais do que o limão e laranja), A e complexo B, além de sais mineirais, cobre, zinco, selênio e fósforo.

Foto por Rajesh S Balouria em Pexels.com

As flores apresentam características de polinização por abelhas. As pétalas são brancas, muitos estames. As flores são rasas, perfumadas, se abrem durante o dia.

Os polinizadores principais são as abelhas- de -mel, Apis mellifera e as abelhas nativas: a abelha- sem -ferrão Melipona subnitida e a mamangava Xylocopa frontalis. Dessas abelhas, a mais eficiente (a que poliniza mais flores e, consequentemente, aumenta a produção de frutos) é a A. mellifera.

Apis mellifera L. Abelha-de-mel

Foto por Chris F em Pexels.com
Apis mellifera (abelha-de-mel, abelha africanizada)

JANDAÍRA, abelha-sem-ferrão. Melipona subnitida

wikipedia. Jandaíra – Melipona subnitida
fonte: https://mel.com.br/abelha-jandaira-melipona-subnitida-abelhas-brasileiras/

Mamangava Xylocopa frontalis

Fonte: https://www.ecoregistros.org/site/revista.php
wikipedia

SAIBA MAIS

  1. ALVES, J.E. & FREITAS, B.M. 2006. Comportamento de pastejo e eficiência de polinização de cinco espécies de abelhas em flores de goiabeira (Psidium guajava L.). Revista Ciência Agronômica, 37, (2): 216-220. https://www.redalyc.org/pdf/1953/195320521017.pdf

2. http://www.labea.ufba.br/polinfrut/produtos/biologia_floral_reprodutiva_goiabeira.pdf

TOMATE

Solanum lycopersicum Mill. – FAMÍLIA SOLANACEAE

A cultura do tomate é uma das principais no Brasil, geradora de ativos e atinge cerca de 4 milhões de toneladas do fruto. Goiás é o estado que produz mais de 1 milhão de toneladas de tomates, cultivados por agricultores familiares, principalmente.

A flor do tomate é hermafrodita. Suas anteras  liberam o pólen através de um poro apical.

A autopolinização pode ocorrer, mas os frutos formados são menores, mais leves e as sementes formadas são bem menos numerosas. Por isso, para otimizar a produção do tomate, a polinização cruzada, mediada pelo polinizador é fundamental.

POLINIZAÇÃO PELO MÉTODO DE VIBRAÇÃO

Não é simples coletar pólen de uma antera poricida. É preciso que o polinizador se agarre a essas anteras e as vibrem com sua musculatura torácica, fazendo com que o pólen se agite dentro da antera e vá saindo pelo poro, como se a antera fosse um frasco de talco e pulverize o corpo do polinizador.

Esse processo é chamado de polinização por vibração, ou buzz pollination. Segundo o pesquisador que primeiro o descreveu, Michener, em 1962, a abelha ao vibrar as anteras, emite um som audível muito característico, que ele chamou de buzzing sounds.

A tão popular abelha de mel, africanizada, Apis mellifera não sabe fazer a vibração, por isso, ela não poliniza as flores do tomate.

Quem poliniza? 🤨

Quem poliniza são abelhas nativas, conhecidas como pretinhas, verdinhas, mamangavas. Elas se curvam sobre as anteras, vibram, ficam impregnadas de pólen que é muito seco, pulverulento e, ao visitarem outra flor, realizam a polinização.

Augochloropsis sp – verdinha
Eulaema nigrita – mamangava
Exomalopsis sp
Epicharis sp
Centris sp

Práticas Amigáveis aos Polinizadores

Para você que tem ou quer ter uma plantação de tomates e que seja uma plantação produtiva, de sucesso, é interessante manter a vegetação nativa ao redor da sua cultura, assim como os rios, lagos, fontes. Isso porque esses remanescentes são locais onde os polinizadores fixam seus ninhos e alimentam sua prole.

Também é aconselhável o plantio consorciado com outras culturas agrícolas que servem de atrativos para as abelhas nativas e as mantêm por perto. Podem ser de pepino, pimentão, beringela, abóbora, melancia, melão, feijão, entre outras.

Cuidado com as Pulverizações. Muitas pragas atacam os tomates, de forma que a pulverização tornou-se uma prática comum. Mas ela é muito perigosa para os polinizadores, que tem sido mortos em escala absurda nas útimas décadas pelo uso inadequado de biocidas. Além do desmatamento, os agrotóxicos ameaçam a vida de todas a abelhas nativas. Se for fazer uso, é recomendável que as pulverizações aconteçam no período da tarde, quando tiver pouco vento.

Cuide, cuide, cuide dos polinizadores nativos, pois são fundamentais na produção dos nossos alimentos e para as gerações futuras. 👩‍👦‍👦👩‍👦‍👦👩‍👦‍👦

Mamangava vibrando as anteras

SAIBA MAIS

FRANCESCHINELLI, E.V.; SILVA, C.M.Neto; ELIAS, M.A.S. Polinização do tomateiro. http://www.semabelhasemalimento.com.br/wp-content/uploads/2015/02/Manejo-e-conserva%C3%A7%C3%A3o-de-polinizadores-de-tomateiro-Final_03jul2015.pdf

CAMARÃO-AMARELO ou CAMARÃOZINHO-de-JARDIM

Pachystachys lutea Nees – Família ACANTHACEAE

Quem não conhece esse arbusto que é tão cultivado nos nossos jardins e parques?

Trata-se da espécie Pachystachys lutea, popularmente conhecida por camarãozinho- de -jardim, planta-camarão e outros nomes envolvendo a palavra camarão.

O camarãozinho é uma espécie que ocorre nos trópicos ou em lugares de clima subtropical. É encontrada principalmente no Brasil e Peru.

Essa planta floresce na época quente e chuvosa do ano, entre setembro e março.

Os ramos das inflorescências são compridos, com as florzinhas dispostas uma a uma, lembrando as escamas do camarão.

Cada florzinha tem suas pétalas de cor branca, bilabiadas, hermadroditas. São afuniladas e inodoras. As flores são acompanhadas de uma bráctea, de cor amarelo ouro vibrante.

As flores produzem néctar como recurso alimentar para o polinizador.

A polinização é realizada por beija-flores e, de forma menos intensa, por abelhas capazes de coletar o néctar na cavidade da corola.

Nas cidades, o beija flor predominante que realiza a polinização é o Eupetomena macroura, o beija-flor tesoura. Mas o polinizador pode variar de acordo com a região e local em que estão plantados os arbustos. No entanto, os polinizadores efetivos do camarãozinho são nossos queridos beija-flores, podendo variar a espécie, mas não o grupo desses pássaros.

Orquídea Elleanthus brasiliensis (Lindl.) Rchb.f.

FAMÍLIA ORCHIDACEAE

Essa espécie de orquídea é nativa no Brasil e pode ser encontrada no bioma da Mata Atlântica, incluindo florestas úmidas de interior.

A floração acontece no verão, uma vez ao ano.

As flores apresentam sépalas de coloração rosada, pétalas e labelo brancos com duas manchas lilases no labelo.

fonte: wikipedia

As flores duram de 2 a 4 dias, oferecem nectar e pólen como recursos alimentares e são visitadas por abelhas sem ferrão e beija-flores.

O beija-flor da espécie Ramphodon naevius (Phaethornithinae) é o polinizador eficiente dessa orquídea.

Saiba mais

NUNES, C.E.P. 2011. Biologia da polinização e reprodução de Elleanthus C. Presl. (Orchidaceae) na Mata Atlântica do Parque Estadual da Serra do Mar, São Paulo. http://www.repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/315383/1/Nunes_CarlosEduardoPereira_M.pdf

Vem aí o CANAL QUEM POLINIZA no YouTube

O Canal foi planejado para dinamizar a experiência de conhecer os polinizadores de várias plantas através de vídeos curtos.

É mais uma forma de interagir com todos os interessados e divulgar a importância dos polinizadores em nossas vidas.

Se inscreva no canal. Obrigada.

MACAÚBA/FEDEGOSO DO MATO

Senna sylvestris (Vell.) H.S. Irwin & Barneby (Leguminosae, Caesalpinoideae)

A Macaúba é um arbusto de até 5 metros, da família das leguminosas. Tem ampla distribuição no Brasil e é encontrada nos cerrados e campos abertos do Centro-Oeste, Sudeste e em várzeas e áreas de terra firme da Amazônia Brasileira. Pode, também, ser encontrada em campos na Bolívia, em regiões de vales no Paraguai e Peru, e de maneira geral em pequenas áreas perturbadas nessas regiões.

Seu florescimento acontece na estação chuvosa, entre janeiro e abril.

A flor é hermafrodita com a corola de um amarelo intenso.

As flores não produzem néctar, somente pólen como recurso para os polinizadores. São auto-incompatíveis, ou seja, auto-estéreis, o que significa que precisam mesmo! do agente polinizador para produzirem frutos.

Cada flor tem 10 estames de diferentes tamanhos e locais por onde se inserem na corola. Isso é muito importante na hora da polinização.

Fonte: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-33062018005008105&script=sci_arttext

As anteras da macaúba são poricidas. Ou seja, elas tem na ponta um poro, por onde o pólen pulverulento é liberado. Para a extração desse pólen somente abelhas especializadas conseguem fazê-lo, porque elas precisam se agarrarem ao estame e vibrarem suas asas sobre o ele e, com as patas, irem coletando o pólen que sai da antera feito um talco.

Essas grandes abelhas são as mamangavas Xylocopa brasilianorum, Oxaea flavescens, Bombus morio e espécies de Centris.

Bombus morio – mamangava
Oxaea flavescens. Fonte: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Oxaea_flavescens_Male.jpg

Saiba mais:

CARVALHO, D. E.; OLIVEIRA, P. E. A. M. 2003. Biologia reprodutiva e polinização de Senna sylvestris (Vell.) HS Irwin & Barneby (Leguminosae, Caesalpinioideae). Brazilian Journal of Botany, 26 (3): 319-328.

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