UCUÚBA

Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb. Myristicacaeae

Virola surinamensis é conhecida popularmente como UCUÚBA, que na língua indígena quer dizer UCU = graxaYBA = árvore.  São árvores muito altas, atingindo mais de 30 – 40 metros de altura, com diâmetro a altura do peito do tronco de 60 cm. É encontrada em lugares alagados, em várzeas e perto de igapós no Amazonas, Pará, Roraima, Maranhão, Guianas, entre outros.

Nativa em toda a região Amazônica, essa espécie de árvores formidáveis está em perigo de extinção, uma vez que sua madeira é de excelente qualidade para compensados, laminados e cabos de vassoura.

Suas sementes são ricas em óleos e gorduras utilizados na fabricação de velas, sabonetes, manteiga, cremes e como substituto vegetal para a parafina que é derivada do petróleo. Muito importante para a indústria farmacêutica, cosmética e alimentícia.

Fonte: https://herbariovaa.org/taxa/index.php?taxon=25539&clid=1012

As árvores são dióicas. Isso significa que uma árvore produz flores masculinas e a outra árvore flores femininas. Temos, portanto, uma espécie que não produz flores hermafroditas. Elas precisam de um polinizador para levar o pólen de uma flor masculina ao estigma da flor feminina, em outra árvore.

Portanto, mais do que nunca, o polinizador é essencial para a produção de frutos e sementes.

A espécie floresce o ano todo. As flores masculinas se abrem por volta das 6 horas da manhã, duas horas antes das femininas e seguem abrindo, até as 16 horas.

Somente as flores masculinas exalam odor suave e adocicado; as femininas não. O principal alimento procurado nas flores masculinas é o pólen e nas femininas o néctar.

Fonte: https://inpn.mnhn.fr/espece/cd_nom/630882?lg=en
Flores masculinas (male) e flores femininas (female). Note as anteras na flor masculina. A feminina não tem anteras, tem o estigma que fica ao fundo. Fonte: https://serv.biokic.asu.edu/imglib/neotrop/misc/201406/10760_1403067239_web.jpg
Steve Paton.

A polinização da Ucuúba é feita por moscas (família Diptera), conhecidas como mosca-das-flores ( Copestylum sp e Erystalys sp). Esse tipo de polinização recebe o nome de miiofilia – polinização por moscas.

Fonte: https://bugguide.net/node/view/312083

Por isso é importante ter em mente que quando se fala em conservar a biodiversidade não se está referindo a um determinado animal ou planta, mas a todos os organismos que interagem ecologicamente. Como poderíamos supor, sem estudar, que moscas são as grandes responsáveis pela formação dessas sementes tão utilizadas e importantes economicamente, medicinalmente ou na indústria alimentícia? Sem falar que essas sementes são devoradas por outros animais, que constroem seus ninhos, alimentam suas crias com esses frutos e sementes e dependem delas para viver.

Saiba mais:

JARDIM, M.A.G. & MOTA, C. G. da. 2007. Biologia floral de Virola surinamensis (Rol.) Warb. (Myristicaceae). Rev. Árvore, 31(6): 1155 – 1162.

Publicado por Alexandra Gobatto

Bióloga, Doutora em Ecologia da Polinização e Biologia Reprodutiva. Produtora de conteúdo científico digital.

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